O fim da primeira fase

10h - Museu Nacional Ferroviário

Encontrámo-nos para uma última sessão antes do hiato que se estenderá até Setembro. É um clima de despedida, reflexão e celebração.

A parte do grupo vinda de Lisboa instalou-se na sala, enquanto tentávamos saber notícias da Catarina e da Ariana - o comboio partiu da Covilhã com uma hora de atraso. Este que é um dos grandes desafios do projeto, é também a sua génese: a viagem, a distância, o tempo que se perde e que se ganha pelo meio. 

Para encerrar o ciclo, falámos sobre as viagens de cada um desde o início do ano até aqui.

De que momentos nos vamos lembrar? Como nos surpreendemos? Como nos sentimos durante o processo, e o que estamos a sentir agora?

Imagens: Lilly Winter

Liberdade para falhar

Falámos sobre a multiplicidade de caminhos, os vários atalhos, encruzilhadas, becos sem saída. O peso do próximo passo, quando não se conhece o chão que se pisa. A importância de caminhar, mesmo assim.

Falámos sobre conexão. Diferentes mundos, diferentes vidas. A possibilidade de partilhar música, dança, que faz com que colapsem as línguas presentes, edificando-se uma nova.

Constatámos o que já era sabido: é preciso mais tempo para nos traduzirmos uns aos outros. É preciso mais encontro. É preciso amadurecer. Ganhar confiança no grupo para falhar com conforto.

Falámos do círculo, a nossa formação mais habitual. Apesar das intenções, o círculo pode ser uma falsa democracia. E também a música pode ser altamente opressora. Para contrariar isso, é preciso que os nossos espaços tenham portas, janelas, rachaduras na quarta parede, para deixar o mundo entrar.

Falámos sobre os momentos mortos, cheios de vida. Os não-lugares cheios de espaço. A complexidade que nasce dos instantes mais simples. É preciso mais tempo, sim, mas no tempo que tivemos absorvemos tanto uns dos outros. 

Falámos sobre o processo gratificante de criar em coletivo. De existir lado a lado. 

Relembrámos a nossa primeira viagem de comboio. As jams. Cada um a ser a banda sonora do outro.

Admirámos esta máquina orgânica, que tem que funcionar, mas que tem que ser maleável. Que deve ter liberdade para falhar sem hesitações.

19h - Vai partir o comboio. Até logo. Vemo-nos em Setembro.

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